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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ser pai é coisa pra homem


Eu trabalhei em uma Instituição há alguns anos. Lá, durante um tempo, eu me encarreguei de digitalizar alguns arquivos antigos da entidade que existe desde a década de cinquenta. A Instituição que cuida de crianças em situação de risco mantém um registro rigoroso das famílias atendidas, e digitalizando eu percebi uma coisa curiosa: até a década de setenta, todas as crianças tinham no registro o nome do pai e da mãe, mas a partir daí, o nome do pai desaparece no registro da maioria, denotando a falta de compromisso de homens para com suas amantes, e, principalmente, para com as crianças.

Isso mostra a total crise de valores a qual estamos submetidos nos dias de hoje. Se antes a família, a igreja e a educação eram as grandes responsáveis pela disseminação de valores, com a total relativização dessas instituições temos hoje uma sociedade que vive um carpe dien maldito, que vive o hoje não para aproveitar a vida, mas sim para desrespeitá-la, para profaná-la.

Eu li um artigo de Leonardo Boff comentado a respeito justamente das consequências da ausência da família, e mais especificamente do pai na formação dos/as indivíduos/as. Ele dizia que se a mãe é a responsável por fazer as crianças se sentirem amadas e bem-vindas a esse mundo, cabe ao pai a tarefa de levá-las seguras pra fora das entranhas do lar, e ajudá-las a ganhar liberdade não só com auto-confiança, mas com respeito aos/as outros/as. Quando o pai não está lá pra fazer isso, aparecem os pais adotivos do mal, como os traficantes, os cafetões, os assaltantes, etc.
Para um ser humano do sexo masculino é muito fácil despir-se para o sexo em qualquer lugar e com qualquer uma , mas parece um ato de coragem digno de poucos o ato de vestir-se de homem e assumir as consequências disso. Tanto é verdade que recentemente eu vi uma pessoa comentando que a ex-mulher dele estava brincando com fogo cobrando demais dinheiro para o moleque deles, pois ela já tinha bastante sorte por ele ter assumido a paternidade, vai que ele viaja pra longe.... ela nunca mais o veria. E assim fazem grande parte dos pais de hoje em dia, viajam pra longe da responsabilidade e as jogam em cima da infeliz criatura que recebeu da natureza um útero e a responsabilidade de gerar uma nova vida; uma dádiva que se torna maldita pela crueldade de machos de araque.

Na época em que o comércio comemora o dia dos pais, imagino como ficam os órfãos de pai que dão como presente muitas vezes sua vida em prol de falsos pais que possivelmente não assumiriam tal tarefa se houvessem não só mais pais de verdade, mas homens de verdade, pois esses sim estão em extinção. Portanto, desde a década de setenta pra cá, penso eu, quando não é um criminoso que ajuda a educar as crianças, a TV e os meios de comunicação de massa assumem tal tarefa, aumentando o ciclo vicioso de mal exemplos e soluções cínicas para um problema que só parece nos atingir quando um viciado inconvenientemente pede esmola ou quando um assaltante nos empurra uma arma fria contra o pescoço.

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