Seguidores

Nuvem de Tags

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Palavrão é o caralho!

Alguém já pronunciou Puta que Pariu num momento de raiva? Não? Então experimentem. É uma verdadeira terapia pronunciar essas palavras dando ênfase nas sílabas "PU" e "PA"; garanto que é algo verdadeiramente terapêutico. Acho cafona a visão que muitos/as tem hoje em dia dos palavrões, como se fosse algo pervertido, digno de tapinhas na boca, mesmo em pleno século XXI. Mulheres e crianças são as maiores vítimas dessa visão retrógrada, e mesmo hoje quase todo mundo diz que criança e mulher chamando palavrão é muito feio.

Recentemente em São Paulo e na Bahia livros didáticos foram "flagrados" contendo palavrões em tirinhas ilustrativas. Aí pronto, toda a sociedade moralista se viu revoltada com isso. Até penso que pais e educadores devem ter pensado "puta que pariu! quem foi esse filho da puta que deu essa mancada?!", mas é inconcebível seus filhos e filhas dizerem o que todo mundo diz, nem que seja em pensamentos.

Como diria o meu professor de língua Portuguesa, o ótimo Isac, toda forma de linguagem precisa ser empregada conforme o contexto, e uma mesma palavra pode parecer ridícula em um dado contexto mas apropriada em outro. Os palavrões carregam discriminação tamanha consigo devido a sua origem quase sempre associada a sexualidade, e nós, cidadões e cidadãs do século XXI, ainda não nos sentimos avontade com temas envolvendo foda. Mas acontece que na grande maioria das vezes os palavrões são usados como interjeição, e nesses casos, as pessoas usam para expressar com mais vigor seus sentimentos, e nem o dizem pelo sentido literal da palavra, por isso para mim é inconsebível tamanha espécie causada por essas palavras mágicas. Palavrão, ainda hoje em dia, parece ser permitido apenas em ruas e bares, mas em lares e igrejas, nem pensar.

Porra é um dos palavrões mais aceitos. Talvez isso se deva ao fato de estar relacionado a gozo, e brasileiro adora gozar a vida. Mas chama um caralho e veja senhoras e senhores arregalarem os olhões. E notem que mesmo no mundo dos palavrões há machismo, porque as pessoas chamam muitos mais caralho do que buceta. Preconceito que encontramos também em filho da puta e puta que pariu, enquanto o palavrão associado aos homens é corno. Dessa forma, é sempre a mulher a puta. Mas, tirando por mim, eu comecei a chamar palavrão porque eu via as outras pessoas chamando, porque aquilo reforçava a ênfase que eu queria dar para uma manifestação X de meus sentimentos, e mesmo quando aprendi o significado delas, eu não as chamo com a intenção de evocar o sentido literal das palavras, e sim porque acostumei-me a facilitar a comunicação dessa forma.

Eu acho lindo crianças e mulheres chamando palavrão. Não porque eu de fato veja muita graça nisso, mas toda vez que eu vejo mulheres e crianças chamando palavrão, eu penso que um pouco da hipocrisia do mundo está caindo. Afinal de contas o que é foda, no sentido literal do palavrão? É sexo, é fazer amor; o que tem de demoníaco nesse prazer que Deus deu às pessoas? O que são caralho é buceta? São órgãos genitais que as pessoas convivem diariamente, seja com os seus próprios, seja com o dos outros; de uma forma tão natural como convivem com braços e pernas, então por que condenar uma criança que chama caralho ou buceta? O que é puta que pariu? é uma profissional do sexo que deu a luz a uma criança; como é que isso pode ser visto como algo feio por alguém?

Até entendo palavrão como indelicado em alguns casos, porque devemos respeitar a cabeça dos outros. E como não sou "dependente químico" de palavrão, eu aceito não chamá-lo em certos ambientes para não causar desconfortos gratuitos, mas quando alguém usa o discurso de que isso é pecado ou falta de educação, eu me pergunto sobre o que é pior para a sociedade, as pessoas encararem sua sexualidade com maior serenidade e maturidade ou manter essa manta hipócrita sobre temas envolvendo sexo como se fuder não fosse uma coisa do caralho.

Nenhum comentário: